terça-feira, 18 de setembro de 2012

A janela


Dois homens, ambos gravemente doentes, estavam no mesmo quarto do hospital. Um deles podia sentar-se na cama durante uma hora todas as tardes, para drenar o líquido dos pulmões. A sua cama estava junto da única janela do quarto. Já o outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas.
Os homens conversavam horas a fio.
Falavam das suas mulheres e famílias, das suas casas, dos seus empregos, onde tinham passado as férias... 

E todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto todas as coisas que ele conseguia ver do lado de fora da janela.

O homem da cama do lado começou a viver à espera desses períodos de uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a actividade e cor do mundo do lado de fora da janela.

"A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores do arco-íris. Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem e uma ténue vista da silhueta da cidade podia ser vislumbrada no horizonte."

Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, o homem no outro lado do quarto fechava os olhos e imaginava as pitorescas cenas.
Um dia, o homem perto da janela descreveu um desfile que ia a passar. Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, ele conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor a retratava através de palavras bastante descritivas.
Passaram-se dias e semanas, contudo, uma manhã, a enfermeira chegou ao quarto e encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela, que tinha falecido calmamente enquanto dormia. Muito triste chamou os funcionários do hospital para que levassem o corpo.
Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e fez a troca. Depois de se certificar de que o homem estava bem instalado, a enfermeira deixou o quarto.
Lentamente e cheio de dores, o homem ergueu-se, apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora. Fez um grande esforço e lentamente olhou para o lado de fora da janela que dava, afinal, para uma parede de tijolo!
O homem perguntou a enfermeira o que teria feito com que o seu falecido companheiro de quarto lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora da janela.
A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede.
"Talvez ele quisesse apenas dar-lhe coragem."

Apesar dos nossos próprios problemas, há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes.


Revista Cruzada Abril 2012
www.apostoladodaoracao.pt

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